Autor: Weder Carneiro
Um dos dilemas em odontologia é a denominação do recebedor final do trabalho, o cliente ou paciente. Um e outro é a mesma pessoa, analisada por pontos de vista diferentes. Antes de ser um termo usado “ao gosto” do profissional, reflete o seu próprio comportamento, ou o que se espera dele.
Segundo Élvio Armando Tuoto, autor do artigo ‘Origin of the word “patient”’, o termo paciente surgiu no final do século XIV, a partir do francês arcaico “pacient”, o qual tem origem no latim “patiens, patientis” (pessoa doente ou que sofre), o qual é semelhante ao verbo grego “paskhein” (sofrer), cujo cognato é “pathos” (doença).
Portanto o substantivo “paciente” significa “pessoa doente ou que sofre”, o mesmo que “padecente” (aquele que padece ou sofre), não havendo qualquer relação com o adjetivo “paciente”, que significa “aquele que tem paciência”.
Um equívoco extremamente comum é cometido por aqueles que acreditam que o termo “paciente”, no sentido de “doente”, significaria “um enfermo que tem paciência”, ou um “enfermo que precisa ter paciência (adjetivo)”.
Já o termo cliente remete à Roma antiga, onde existia o “cliens”, que era o seguidor, aquele que dependia da proteção de outro, como um plebeu que se colocava sob a proteção de um patrício. Deriva ou de Cluere, ouvir, obedecer, seguir. Ou de Clinare, inclinar, dobrar, do Indo-Europeu Klei, “recostar-se”, dando início à metáfora em que uma pessoa recosta em outra para receber proteção.
De fato os termos paciente e cliente estão corretos para designar “aquele que se submete ou precisa de tratamento odontológico”. De uma análise mais etmológica, o paciente está mais próximo do doente, daquele que está com dor de dente, por exemplo. Já o cliente remete ao indivíduo que tem uma necessidade sentida, mas não apresenta dor, enfermidade, seria aquele que necessita de um implante dental, ou de um aparelho ortodôntico, mas que sua falta não lhe impõe uma doença.
Para o dentista há uma menção histórica de que cliente é o paciente moderno. Aqueles que assim pensam são os mesmos que associam o termo “paciente” com o adjetivo “paciente”, ou seja, aquele que tem paciência. Daí , diante da evolução do mercado de prestação se serviços, sobretudo com o advento da internet, esses indivíduos perderam a paciência (adjetivo), e participam mais do processo de tratamento, desde a pesquisa à escolha de formas de tratamento, recursos hoje disponíveis e que no passado eram de domínio exclusivo do profissional.
Podemos afirmar que o cliente engloba o paciente, pois, pela própria origem das palavras, o cliente é aquele que se aproxima de um “protetor” para suprir suas necessidades, sejam elas estéticas, funcionais, de segurança. Na odontologia, o “protetor” é o dentista, aquele quem acolhe seu cliente para que este se sinta seguro nas suas necessidades.
Pode-se concluir, pelo que foi exposto, que existe uma simbiose entre dentista e cliente, um depende do outro para existir. E ela é tão antiga quanto a sua própria história, e durará enquanto houver um indivíduo cuidando da saúde oral de outro. O que mudou e continuara evoluindo é a forma de interação entre essas duas classes, desde formas de pagamento ás de tratamento. Saímos de um cliente totalmente passivo, totalmente dependente do conhecimento e das práticas do profissional, para um cliente participativo, cada vez mais consciente de suas necessidades, direitos e deveres, e que logo já será interativo, com o advento dos recursos tecnológicos que permitem que o cliente “escolha” o que quer. Entender essa dinâmica facilita em muito os processos comunicativos entre profissional e cliente.
Fonte: http://odontobranding.com.br/
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